sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Literatura obrigatória


Se você é ou já foi um vestibulando, com certeza já passou pelo martírio das literaturas obrigatórias. As universidades de nome do país sugerem aos vestibulandos que leiam uma lista de, em média, 10 livros para realizarem a prova.
E o que se vê de reclamações: "Já temos tanto que estudar e ainda tem que ler esses livrinhos antiquados", "livros antigos, chatos. Se pelo menos fosse um 'Harry Potter'" e por aí vai.
Mas aqueles que possuem um censo crítico aguçado, um pouco de filosofia e ideologia dentro de si, acaba de certa forma se encantando com os livros.
Ok, a linguagem é muito complicada. Mas tente ler os livros com uma boa análise. Você verá uma outra realidade!

Duvida? Vou citar aqui alguns exemplos dos livros da Unicamp de 2010/2011:

Começaremos com "As cidades e as Serras" de Eça de Queirós. "Oh, não. Esse livro é um porre, cheio de descrições e frescurinhas que entediam qualquer um." Ok, descrição é uma das especialidades de Eça de Queirós... Mas faça um esforço! (Tudo bem, pode ler um resumo ou mesmo uma análise, desde que sejam decentes) Já parou pra pensar na história que o livro retrata?
O livro é uma narrativa feita por Zé Fernandes sobre seu 'brother' Jacinto. Pense num cara, que nasceu na cidade grande. Mas não é uma cidade grande qualquer. Estamos falando sobre Paris, que sentia os primeiro efeitos colaterais de uma revolução técnico-científica. Jacinto, junto com seus "amigos sociais" em rodas filosóficas acreditavam que a felicidade só poderia ser alcançada com o progresso técnologico. É aqui que Eça de Queirós vira matemático e define:
suma ciência x suma potência = suma felicidade.
Só que não é bem assim. O livro é divido em duas partes:
A primeira parte que mostra essa filosofia e exalta a tecnologia. Porém, com o passar do tempo, a ciência passa a falhar e a sociedade torna-se tão superficial devido ao luxo, que acaba entediando Jacinto.
Aí inicia-se a segunda parte: Zé Fernandes, que tivera criação humilde, leva Jacinto para viver no campo, em Tormes, em Portugal. Jacinto passa a ver o outro lado da moeda, vendo a miséria, a falta de luxo. Porém também vê a simplicidade e o amor (que encontra na prima de Zé Fernandes).
E é assim, cheia de ironia, contrastes e críticas que Eça de Queirós retrata a sociedade em que vivia. Tá reclamando? Tenta fazer melhor que ele. ><

Outro que posso citar é o famoso "Dom Casmurro" de Machado de Assis, que foi até adaptado pela Rede Globo em 2008, resultando na minissérie Capitu.
Machado de Assis é a Lady Gaga da literatura. Se você sabe ler, provavelmente já ouviu falar dele. Nunca compreendi muito bem o porquê, até ler Dom Casmurro.
Dom Casmurro conta a história de Bento, um cara que depois de velho não tinha mais o que fazer e foi então escrever um livro. É, simples assim.
Me pouparei de mais um resumo da obra aqui. O objetivo não é esse. Mas quero que você consiga enteder a complexidade e o nível intelectual que este autor conseguiu obter para escrever um livro que deixasse uma dúvida tão intrigante no ar: Capitu traiu ou não Bentinho?
Nem as novelas da Globo conseguem fazer uma história tão intrigante assim. E é fato, há inúmeras teses de doutorados que debatem a traição de Capitu até hoje!

Cada livro tem a sua essência. Os caras da banca do vestibular não pegam qualquer livrinho aleatório e nos mandam ler. São livros concretos, que fazem parte da História e que avaliam os valores de uma sociedade que se assemelha muito com a que temos nos dias de hoje.
Veja só: há muito mais coisas por trás do que vemos à primeira vista.

Apresentação e blablablá

Olá você!
Na atualidade, são raras as pessoas que trocam a internet por um bom livro. Se alguém quer mostrar suas ideias ao mundo, é mais fácil fazer um blog do que escrever um livro.
Esse é meu segundo blog. Já tenho um outro, que é bem mais pessoal. Foi um blog feito para eu expressar sentimentos e aflições... São poucos os que se interessam por aquilo que não diz respeito a si próprio... Mas de qualquer jeito, fica aqui o mercham:
http://platonic-emotion.blogspot.com/

A finalidade do "Veja só" é a liberdade de expressão sobre coisas mais reais. Fatos, histórias e um pouco de cultura vistos sob o olhar de uma pré-vestibulanda qualquer.
Fique à vontade e veja só.